IBGE não consegue recensear o Mato Grosso por pressão do agronegócio

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IBGE não consegue recensear o Mato Grosso por pressão do agronegócio

Instituto tem dificuldade em contratar funcionários na região e, com isso, apenas 40% da população foi visitada

Porto Velho, RO -
O IBGE não está conseguindo recensear o estado do Mato Grosso, até agora apenas 40% da população estimada foi recenseada. O instituto não consegue contratar recenseadores, e, quando busca saber o que está acontecendo, a informação é que os fazendeiros estão impedindo. Oficialmente as lideranças locais dizem que há pleno emprego. Mas, extraoficialmente, a população diz que há um bloqueio do agronegócio.

Especialistas do instituto me dizem que, por exemplo, chega-se em cidades que querem contratar recenseadores, soltam edital, e as pessoas mais influentes da cidade e, muitas vezes, o próprio prefeito diz 'aqui não vai ter censo'. Isso é uma reação ideológica causada pelo bolsonarismo.

O próprio censo agro já enfrentou dificuldades, mas depois acabaram aceitando porque era um levantamento específico. Os governos locais são muito dependentes dos grandes fazendeiros e eles acham, por algum motivo, que essas informações não podem ser prestadas.

Na sexta-feira, o IBGE lançou os dados preliminares do censo, mas ainda há muito trabalho a ser feito. Houve dificuldades semelhantes no Paraná e Santa Catarina, mas eles conseguiram contornar. Uma pessoa que eu ouvi na comissão do censo diz que as pessoas têm medo, pois estão sendo ameaçadas. Há problema em Sinop, Sorriso, Cáceres. No IBGE dizem que estão tentando pensar em soluções como conversas com as lideranças políticas locais.

Até o dia 31 de dezembro, o IBGE terá que entregar todos os números aferidos ao TCU porque esse é um censo que foi judicializado. Só foi feito por ordem da Justiça. O trabalho de coleta de informação continuará em janeiro e talvez fevereiro, mas pela lei com o orçamento de 2022.

E há outros problemas como os dos indígenas ianomâmi, como escrevi no blog no sábado. O maior povo indígena do Brasil não consegue se recenseado em sua totalidade porque os pesquisadores não conseguem chegar até a parte mais alta. O Ministério da Saúde iria ceder um helicóptero, mas voltou atrás.


Calcula-se que há 50 mil garimpeiros na terra indígena Yanomami. E esses garimpeiros têm provocado muitas mortes de indígenas. Sem o recenseamento, não vai se saber o tamanho da matança.


Fonte: O GLOBO

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