Polícia e IML marca exumação do corpo da jovem que pode ter sido envenenada pela madrasta

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Polícia e IML marca exumação do corpo da jovem que pode ter sido envenenada pela madrasta

Cintia Mariano está presa por suspeita de envenenar os dois enteados — Foto: Reprodução

Vilhena, RO - A Polícia Civil do RJ informou nesta terça-feira (24) que vai exumar o corpo de Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, na próxima quinta (26). Segundo o delegado Flávio Rodrigues, não foi preciso esperar autorização da Justiça, bastando uma decisão administrativa.

A corporação suspeita que a jovem e o irmão Bruno, de 16 anos, possam ter sido envenenados pela madrasta, Cíntia Mariano Dias Cabral, que está presa em Benfica e teve a prisão mantida no domingo (22), durante audiência de custódia.

A 33ª DP (Realengo) entrou em acordo com o Instituto Médico-Legal (IML) para o procedimento. A pedido da família, o local da exumação não foi divulgado.

Como deve ser a exumação

Ao g1, Nelson Massini, perito e professor de medicina-legal da Uerj, explicou como deve ser o procedimento.

“Em casos de envenenamento em que não se tenha sangue ou vísceras para analisar, é possível fazer o recolhimento de ossos, cabelos e unhas, que são partes do corpo com muitas células de crescimento onde os venenos se depositam. Isso é facilmente identificável”, explica.

Massini reitera ainda que essa dinâmica vale para todos os tipos de veneno.

“Mesmo que a morte não tenha sido produzida por chumbinho, qualquer outra substância tóxica vai ser detectada nesses tipos de células. Eles vão colher amostras, colocar em um aparelho chamado Pewq, que faz a pesquisa por cromatografia e espectrometria de massa, e vai indicar todas as substâncias contidas nela. Se houver algo estranho, ele determina se a morte foi por veneno, pesticida ou medicamento”, diz.

Entenda o caso

Cíntia é a principal suspeita de envenenar os enteados com chumbinho no feijão, num intervalo de dois meses. Fernanda morreu no dia 28 de março, depois de ficar internada por quase duas semanas em um hospital da rede pública do Rio.

Sem diagnóstico certo, ela não respondeu ao tratamento e morreu no hospital. Em seu atestado de óbito consta que a morte se deu por falência múltipla dos órgãos em decorrência de causas naturais. Sem indício de crime, o corpo dela não foi submetido a necropsia.

Já Bruno apresentou sintomas semelhantes aos da irmã logo após almoçar na casa onde o pai vive com a madrasta. Ele também chegou a ser hospitalizado, mas ao contrário de Fernanda, sobreviveu.

Isso porque ele próprio foi capaz de apontar para a mãe a hipótese de que Cintia houvesse adicionado veneno à comida que lhe foi servido por ela. O adolescente disse ter sentido gosto amargo no feijão e observado pedrinhas azuis em meio ao caldo e que, ao reclamar à madrasta, ela acrescentou ainda mais feijão ao prato dele.

O advogado Carlos Augusto Santos, que representa a suspeita, disse que sua cliente se “declara inocente” e que “em nenhum momento informou ou confirmou o fato”.

Segundo a polícia, a motivação do crime seria ciúmes. O filho biológico de Cíntia teria relatado à polícia que a mãe havia confidenciado a ele ter misturado chumbinho à comida servida aos dois jovens em ocasiões diferentes, mas a defesa nega essa versão.

Cíntia chegou a ser hospitalizada após ter supostamente tentado se matar. O advogado não confirmou a informação e disse apenas que ela faz uso de remédios controlados por “problemas psicológicos”.

“Ela já toma alguns remédios controlados e, por conta das acusações, está abalada. Tomou uso excessivo desses remédios na semana passada, não aguentando a pressão dessas acusações”.

Carlos Augusto falou ainda que a prisão de Cíntia é “totalmente prematura e precipitada” já que, segundo ele, a perícia feita no feijão apreendido na casa da madrasta “deu negativa para substância tóxica”.

Fernanda foi uma das vítimas — Foto: Reprodução

A defesa também nega que tenha sido encontrado chumbinho na residência.

“Ela tem quatro cachorros. O que a polícia encontrou foi Butox, um remédio para carrapato de cachorro”.

Sobre a suspeita de participação de Cíntia na morte do ex-marido e de uma vizinha, o advogado disse não teve acesso às investigações sobre o caso.

“Só sei que ele morreu de AVC. Sobre a vizinha, não sei nem o nome dela”.

Durante a internação de Fernanda, Cíntia chegou a postar um vídeo com uma música gospel, uma foto da enteada e a mensagem: “Você vai vencer! Eu creio”.

Ela ainda fez outras quatro postagens. Sempre com orações, mensagens de fé e esperança e a certeza de que Fernanda se restabeleceria.

Postagem de Cíntia pedia o pronto restabelecimento da enteada — Foto: Reprodução/Redes sociais

A empresária Jane Carvalho Cabral, mãe dos dois jovens, prestou queixa na 33ª DP (Realengo) após ouvir o relato do filho indicando que a madrasta havia acrescentado alguma substância tóxica à refeição que lhe foi servida.

"Uma mulher dessas não pode ser chamada de ser humano. Isso é um monstro".

Bruno é um dos enteados envenenados — Foto: Reprodução/RJ1

Por Eduardo Tchao
Fonte: G1

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